O ano era 2016. Eu estava a pouco mais de um mês de completar 18 anos quando recebi uma oportunidade de trabalhar no maior hotel da cidade. Já trabalhava como garçom aos finais de semana há 3 anos, e foi em um sábado de manhã, durante um evento no centro de convenções do hotel, que fiquei sabendo da necessidade de um recepcionista. Nunca havia me imaginado trabalhando na recepção de um hotel, mas estava saturado do meu emprego atual. Fabricar lentes para óculos de grau é uma tarefa interessante, mas, após 2 anos, percebi que não era uma profissão para a vida toda. Era hora de experimentar algo novo.
Abracei a ideia com a condição de que, assim que completasse 18 anos, tiraria minha habilitação, já que era um pré-requisito para a vaga. Tudo aconteceu muito rápido. No dia 13, oficialmente com 18 anos, fui à autoescola para finalmente dar início ao processo da habilitação. Na semana seguinte, já começaram as aulas. Fiz as aulas teóricas sem dificuldade, mas logo na primeira aula prática o instrutor me trouxe duas notícias: uma boa e outra ruim. A ruim era que ele sairia de férias em uma semana, e eu precisaria esperar o fim do período de férias dele para continuar as aulas. A boa notícia era realmente animadora: se eu me garantisse, poderia participar de uma rodada de provas práticas que aconteceria no final de semana seguinte, véspera do início das férias.
Naquela época, não existia controle biométrico nas aulas. Simplesmente assinávamos os registros como se todas as aulas já tivessem sido realizadas. Então, lá fui eu fazer a prova. Estacionei a moto emprestada do meu irmão uma quadra antes da pista, para não levantar suspeitas, e fiquei aguardando a chegada do fiscal. O nervosismo era grande, mas tínhamos ensaiado o que provavelmente aconteceria. E não deu outra: tudo certo nas provas de moto e carro. Depois, bastou assinar os papéis na autoescola e aguardar a habilitação.
Em dois meses, estava tudo resolvido: habilitação em mãos e um universo novo para descobrir. Aprendi muito sobre gestão nesse período no hotel. Em poucos meses, já acumulava várias funções, o que com certeza contribuiu muito para meu crescimento pessoal. Mas o que eu mais gostava, além da vibe de preparação dos eventos (convenções, casamentos e formaturas), era viajar nas histórias dos hóspedes. Alguns eu encontrava toda semana; outros, apenas uma vez na vida. Cada um vindo de um lugar diferente, com uma trajetória e um propósito diferente. Seja trabalho, turismo ou a busca por uma vida nova, todos eram viajantes de passagem por ali.
Na época, eu não fazia ideia, mas hoje, cerca de 6 anos depois, vejo como tudo isso foi importante para me trazer até aqui e, principalmente, para formar os planos de onde quero chegar.
Mas isso é papo para os próximos capítulos.